Projeto de Valorização das Línguas Crioulas do Norte do Amapá - 1a Oficina
de 7 A 15 de abril de 2017
Coordenação: Gelsama
Mara F. Santos
Colaboração: Cilene
Campetela e Glauber Romling
A equipe do projeto “Valorização das Línguas Crioulas do Norte do Amapá”, formada pela coordenadora Prof. Dra. Mara Santos e pelos professores colaboradores, Dra. Cilene Campetela e Dr. Glauber Romling, docentes do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Campus Binacional do Oiapoque, realizou a primeira Oficina nas aldeias Santa Isabel e Kumarumã, pertencentes aos povos Karipuna e Galibi Marworno, respectivamente, no período de 07 a 15 de abril de 2017. O projeto tem financiamento do MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (MJ), representado pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD) e tem como objetivo principal produzir e promover conhecimentos sobre as línguas e culturas crioulas dos povos indígenas Karipuna e Galibi Marworno, habitantes da Terra Indígena Uaçá, fortalecendo e valorizando suas identidades linguísticas e culturais. Durante as reuniões foram apresentados os objetivos, as metas e definições dos calendários de atividades que serão desenvolvidas ao longo de 2 anos.
Os povos indígenas Galibi Marworno e Karipuna, com a população de 2.116 e 3.485 (CASAI 2013) respectivamente, habitam a Terra Indígena Uaçá e são falantes de línguas crioulas, resultantes do processo de colonização pelo que passaram na fronteira entre Brasil e Guiana Francesa. Devido ao frequente contato linguístico de fronteira, surgiram duas variantes de línguas crioulas denominadas Kheuol do Galibi Marworno e Kheuol do Karipuna, respectivamente. Apesar da existência e uso cotidiano das línguas crioulas pelas comunidades Galibi Marworno e Karipuna, a língua portuguesa tem tido maior prestígio entre os próprios indígenas, devido ao fato de ser a língua de contato do município que os envolve e, também, pela falta
de acesso às políticas públicas de valorização e preservação da identidade linguística, enfraquecendo a cultura desses povos, promovendo o preconceito e a negação da identidade indígena.
Para esta primeira reunião do projeto foram convidados todos os Caciques/lideranças das aldeias pertencentes às etnias Karipuna e Galibi Marworno. Ficou definido, em reunião de preparação das oficinas, com os estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena que cada liderança participaria da reunião acompanhada de um estudante do curso para que as informações acerca do projeto fossem melhores entendidas.
1. Reunião na aldeia Santa Isabel - Povo Karipuna
O povo Karipuna está localizado na Terra Indígena Uaçá, ao norte do Amapá, distribuído em três grandes aldeias: Manga, Santa Isabel e Espírito Santo; em outras aldeias menores ao longo do rio Curipi: Encruzo, Açaizal, Jõdef, Taminã, Txipidõ, Pakapua, Paixubal, Bastiõ, Zacarias, Benua e Japiim com pequenos grupos familiares; cinco aldeias à margem da BR 156: Aldeia Piquiá no Km 40, Aldeia Curipi no Km 50, Aldeia Kariá no Km 60, Aldeia Ahumã no Km 68 e a Aldeia Estrela no Km 70; e finalmente a aldeia Uahá, Ariramba e Kunanã no igarapé Juminã.
A equipe formada pela coordenadora Prof. Dra. Mara Santos e pelos professores colaboradores, Dra. Cilene Campetela e Dr. Glauber Romling, docentes do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Campus Binacional do Oiapoque, chegou à aldeia Santa Isabel no dia 07 de abril. A oficina aconteceu no período de 08 a 10 de abril de 2017.
No primeiro dia da oficina, dia 08 de abril, a equipe e os participantes se apresentaram, pois estavam presentes Caciques e professores. Neste dia o projeto foi lido ponto por ponto. Discutimos os objetivos, as metas, os produtos; como o projeto será desenvolvido, as oficinas de formação dos pesquisadores indígenas. Trabalhamos os conceitos de documentação linguística e cultural; a importância de documentar em áudio, vídeo e textual os eventos de fala que ainda resguardam informações culturais e linguísticas para fortalecer e manter suas identidades como Karipuna e falantes da língua Kheuól.
A coordenadora, Mara Santos, fez a leitura do projeto, apresentou as propostas e o cronograma de trabalho para os 2 anos de atividades do projeto.
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Prof. Mara Santos apresentando o projeto |
Apresentação do projeto |
Mulheres Karipuna atentas à apresentação do projeto |
Entendendo a necessidade documentar, discutimos os processos de formação dos jovens a partir das oficinas de formação em vídeo e edição e designer gráfico. O projeto prevê a participação de 10 jovens para cada oficina. Como são muitas aldeias, resolvemos dividir os 10 por região, tanto para oficina de vídeo e edição quanto para oficina de designer gráfico.
Para a escolha foram definidos 4 critérios que deverão ser levados em conta na hora da escolha do jovem que irá participar da oficina, são eles:
- pertencer à etnia Karipuna;
- ter disponibilidade, ou seja, não pode ter uma função que o impeça de desenvolver suas atividades como pesquisador indígena;
- ter compromisso com as informações da sua própria língua e cultura;
- ter compromisso com a comunidade, com o projeto e com a UNIFAP;
A divisão ficou assim:
Aldeia
Açaizal:
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Aldeias
- Espírito Santo, Kubahi e Jõdef:
2 jovens para oficina de vídeo e edição
2 jovens para oficina de designer gráfico
Aldeias
– Santa Isabel, Topidõ, Pakapwa, Taminã:
2 jovens para oficina de vídeo e edição
2 jovens para oficina de designer gráfico
Aldeias
– Manga, Paxiubal, Japiim, Benua e Zacarias:
2 jovens para oficina de vídeo e edição
2 jovens para oficina de designer gráfico
Aldeia
Kunanã:
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Aldeia
Ariramba:
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Aldeias
da BR156:
Aldeia Piquiá no Km 40,
Aldeia Curipi no Km 50, Aldeia Kariá no Km 60, Aldeia Ahumã no Km 68 e a Aldeia
Estrela no Km 70:
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Estes jovens depois de formados atuarão como pesquisadores de suas próprias comunidades.
Apresentação do grupo De uma peça teatral sobre as drogas. O grupo é formado por alunos do ensino fundamental das escolas Karipuna sob a coordenação do professor Estácio dos Santos.
No segundo dia 09 de abril de 2017, continuamos discutindo
os processos de realização do projeto. Trabalhamos com o cronograma. Os passos
que o projeto deverá tomar e como os nossos objetivos deverão ser alcançados.
As datas foram revistas de acordo com o calendário deles. Na aldeia Santa
Isabel as próximas oficinas serão realizadas nas seguintes datas:
Segunda
oficina - Oficina de Vídeo e Edição
período de 10 a 17 de setembro de 2017
Terceira
oficina - Oficina de Design gráfico
período de 21 de novembro a 03 de dezembro de 2017
Quarta
oficina - Oficina de Vídeo e Edição
período de 04 a 11 de maio de 2018
Quinta
oficina - Oficina de Design gráfico
período de 10
a 17 de novembro de 2018
Neste mesmo dia, continuamos a discussão sobre
documentação linguística e cultural. Apresentamos alguns documentários
resultados dos projetos de documentação do PRODOCLIN – Projeto de Documentação de
Línguas - Museu do Índio – FUNAI. A
atividade teve como objetivo apresentar aos Karipuna diferentes possibilidades
de realizar documentação linguística e cultural.
Conhecendo outras experiencias de documentação |
Dona Xandoca, a matriarca Karipuna
Dona Xandoca e a comunidade acompanham atentos
A professora Cilene Campetela, colaboradora do
projeto, iniciou uma discussão acerca do preconceito linguístico, prestígio
linguístico, bilinguismo. O objetivo da discussão era instrumentalizá-los para
o processo de documentação da língua Kheuól. Dentro desta discussão, abordamos
a produção dos livros previstos como produto do projeto. Ao final do projeto
vamos produzir um didático e outro paradidático. Para tanto, precisamos
resolver os problemas de ortografia para garantir um material que seja
utilizável dentro da sala de aula. A partir desta discussão foi proposto um
grupo de trabalho – GT com os professores das escolas Karipuna para
trabalharmos sobre a ortografia, produção de material didático. O GT ocorrerá
paralelo às oficinas de vídeo e design gráfico. A comunidade se comprometeu
em entrar com a contra partida na alimentação, pois a alimentação e logística
de deslocamento das oficinas foram definidos previamente no cronograma físico
financeiro do projeto.
Profa. Cilene Campetela |
O professor Glauber Romling, colaborador do projeto,
iniciou a discussão acerca do conceito de língua Crioula, sua origem e sua
formação. A discussão foi muito interessante, pois os Karipuna falam uma língua
crioula de base francesa o que possibilitou uma grande troca de informações e
conhecimentos acerca do assunto.
Prof. Glauber Romling |
Nesta oficina tivemos o apoio logístico de 2
monitores, 1 cozinheira, dos barqueiros e motorista de carro que fizeram os
deslocamentos via rio e estrada, respectivamente, dos participantes, dos
mantimentos e combustível para a realização da mesma.
O apoio na cozinha |
A viagem de barco
A atenção e participação da comunidade nos permite
avaliar que o nosso primeiro encontro foi muito positivo. As expectativas são
grandes de ambas as partes.
A equipe |
O povo Galibi-Marworno está localizado na Terra Indígena Uaçá, ao norte do Amapá, distribuído nas aldeias: na BR 156: Samaúma, Tukay, Anawera e Tuluhi; Rio Oiapoque: Uahá; Rio Uaçá: Kumarumã, Manaú. Flamã, Paramuaká, Aruatu; Rio Urukawá – Flexa.
A equipe era para ter saído da aldeia Santa Isabel dia 11/04, mas estamos num período de muita chuva na região, por este motivo toda a nossa logística de deslocamento não aconteceu, só fomos chegar à aldeia Kumarumã no dia 12/04. No primeiro dia da oficina, a equipe e os participantes se apresentaram, pois estavam presentes Caciques e professores. Neste dia o projeto foi lido ponto por ponto. Discutimos os objetivos, as metas, os produtos; como o projeto será desenvolvido, as oficinas de formação dos pesquisadores indígenas. Trabalhamos os conceitos de documentação linguística e cultural; a importância de documentar em áudio, vídeo e textual os eventos de fala que ainda resguardam informações culturais e linguísticas para fortalecer e manter suas identidades como Galibi Marworno e falantes da língua Kheuól.
Realizamos as mesmas atividades junto aos Galibi
Marworno. Os jovens que serão escolhidos para participarem das oficinas deverão
atender aos mesmos critérios propostos aos Karipuna.
Para a escolha foram definidos 4 critérios que
deverão ser levados em conta na hora da escolha do jovem que irá participar da
oficina, são eles:
- pertencer à etnia Galibi Marworno;
- ter disponibilidade, ou seja, não pode ter uma função que o impeça de desenvolver suas atividades como pesquisador indígena;
- ter compromisso com as informações da sua própria língua e cultura;
- ter compromisso com a comunidade, com o projeto e com a UNIFAP;
A divisão ficou assim:
Aldeias da
BR 156: Samaúma, Tukay, Anawera e Tuluhi:
2 jovens para oficina de vídeo e edição
2 jovens para oficina de designer gráfico
Aldeias
do Rio Uaçá: Kumarumã, Manaú. Flamã, Paramuaká, Aruatu:
6 jovens para oficina de vídeo e edição
6 jovens para oficina de designer gráfico
Aldeia
do Rio Oiapoque: Uahá:
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Aldeia
do Rio Urukawá: Flexa
1 jovem para oficina de vídeo e edição
1 jovem para oficina de designer gráfico
Estes jovens depois de formados atuarão como
pesquisadores de suas próprias comunidades.
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Agenda das oficinas Galibi Marworno |
Em seguida, continuamos discutindo os processos de realização do projeto. Trabalhamos com o cronograma. Os passos que o projeto deverá tomar e como os nossos objetivos deverão ser alcançados. As datas foram revistas de acordo com o calendário deles. Na aldeia Santa Isabel as próximas oficinas serão realizadas nas seguintes datas:
Segunda
oficina - Oficina de Vídeo e Edição
período de 19 a 26 de setembro de 2017
Terceira
oficina - Oficina de Design gráfico
período de 05 a 12 de dezembro de 2017
Quarta
oficina - Oficina de Vídeo e Edição
período de 26 de abril a 03 de maio de 2018
Quinta
oficina - Oficina de Design gráfico
período de 12 a 19 de novembro de 2018
Durante a discussão do cronograma de cada oficina, iniciamos a discussão sobre documentação linguística e cultural, o conceito, metodologia de documentção. Assim como fizemos na aldeia Santa Isabel, apresentamos alguns documentários resultados dos projetos de documentação do PRODOCLIN – Projeto de Documentação de Línguas - Museu do Índio – FUNAI. A atividade teve como objetivo apresentar aos Galibi Marworno diferentes possibilidades de realizar documentação linguística e cultural.
Acerca dos produtos, principalmente os livros didáticos e paradidáticos, a mesma questão foi levantada - A ortografia usada pelos Galibi Marworno não representa a variedade do Kheuól falada por eles. É necessário, antes de tudo, formalizar a ortografia para produzir materiais escritos. A mesma proposta foi apresentada à comunidade, a criação de um grupo de trabalho, um GT, com os professores das escolas Galibi Marworno para trabalharmos sobre a ortografia, produção de material didático. O GT ocorrerá paralelo às oficinas de vídeo e designer gráfico. A comunidade se comprometeu em entrar com a contra partida na alimentação, pois a alimentação e logística de deslocamento das oficinas foram definidas previamente no cronograma físico financeiro do projeto. A professora Cilene Campetela, colaboradora do projeto, iniciou uma discussão acerca do preconceito linguístico, prestígio linguístico, bilinguismo. O objetivo da discussão era instrumentalizá-los para o processo de documentação da língua Kheuól. Dentro desta discussão, abordamos a produção dos livros previstos como produto do projeto.
O professor Glauber Romling, colaborador do projeto, também abordou a questão do conceito de língua Crioula, sua origem e sua formação. A discussão foi muito interessante, pois, assim como os Karipuna, os Galibi Marworono falam uma língua crioula de base francesa e a ortografia utilizada por eles é a ortografia definida para os Karipuna isso causa sérios problemas no processo de aquisição da escrita.
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Participação das mulheres Galibi Marworno |
Participação das mulheres
Participação da comunidade de professores
Nesta oficina tivemos o apoio logístico de 2
monitores, 1 cozinheira, dos barqueiros e motorista de carro que fizeram os
deslocamentos via rio e estrada, respectivamente, dos participantes, dos
mantimentos e combustível para a realização da mesma.
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Reunião da equipe na escola da aldeia |
A atenção e participação da comunidade nos permite avaliar que o nosso primeiro encontro foi muito positivo. As expectativas são grandes de ambas as partes.
A equipe avalia, a partir dos depoimentos dos
participantes, pelo desenvolvimento das atividades, pela participação da
comunidade, que os objetivos e as metas do projeto serão atingidos com sucesso.
A proposta de documentação da língua e da cultura dos povos Karipuna e Galibi
Marworno será um grande desafio, mas um desafio que já foi acolhida pelas
comunidades envolvidas. Este primeiro momento foi primordial para apresentar a
toda comunidade as propostas do projeto e juntamente com ela programar o seu
desenvolvimento.
Equipe Administrativa
UNIFAP:
Direção
Lucinilma Silva de Lima – Assessora da Direção – Campus Binacional
Pró-reitoria de Administração - PROAD
Wilma Gomes Silva Monteiro - Pró-reitora de Administração
Divisão de Contabilidade - DEFIN
Maria do Socorro Vieira Barbosa Monteiro - Contadora
Divisão de Execução Orçamentária
Aldery da Silva Mendonça - Chefe da divisão
Departamento de Administração Geral - DEPAG
Alan Santos da Silva– Diretor
Divisão de Material – DIMAT
João Augusto Nunes da Costa – Chefe da Divisão de Material
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